O Rei da Cultura, exatamente como intitula seu mais recente disco.
Quando Péricles gentilmente aceitou meu convite para fazer parte desse trabalho tive uma sensação de alívio ao poder saciar diretamente da fonte curiosidades minhas sobre duas de suas músicas.
TMP: Eu como uma Porto Alegrense preciso saber, porque a música se chama "Porto Alegre"?
Péricles: A canção é baseada em episódio da Odisséia, em que o herói, Ulisses, depois de errar pelos mares, encontra um ”porto” na ilha de Calipso, onde permanece vivendo maritalmente com a ninfa (Calipso), por muitos anos. A canção presume que este porto foi bastante alegre para este viajante, se não ele não ficava lá tanto tempo, não é?
E Adoro a sua cidade, Porto Alegre, e quis fazer uma homenagem à ela e, também à minha amiga porto-alegrense, Adriana Calcanhotto.
TMP: Conheci teu trabalho com a música "Eu queria ser Cássia Eller", de onde e em que momento veio a brilho pra'quela música?
Péricles: Como já contei em outras entrevistas, esta canção me foi encomendada por Waly Salomão a partir do momento em que ele soube que eu tinha feito uma brincadeira elogiosa à própria Cássia Eller (depois de um show dela que Waly dirigira) dizendo: "Sabe Cássia, se eu fosse um outro artista, queria ser Cássia Eller”. Foi assim.
TMP: E Pra você, o que é POP?
Péricles: Há inúmeras teorias e opiniões sobre esta questão: "o que é POP?” e todas as consequências disso. Gosto daquela canção dos "Engenheiros do Havaí”, feita ainda no tempo de João Paulo II, que diz: "O papa é pop e o pop não poupa ninguém”.
TMP: Pra você, qual é o maior movimento cultural dessa década? E porquê?
Péricles: Em música "popular”, aqui no Brasil, não há, nesta década, nenhum movimento, como foi, por exemplo, "O mangue beat”, pernambucano, nos anos noventa do século passado. Há sim, trabalhos interessantes como, por exemplo, a brilhante fusão de Hip Hop e Samba realizada nos discos solo de Marcelo D2 (especialmente em "À procura da batida perfeita”; os discos do grupo carioca + 2 (Moreno, Domênico e Kassin); as novas cantoras-compositoras como Vanessa da Matta e Céu, entre outras; os novos grupos de Rock, como o da baiana Pitty e o gaúcho Cachorro Grande.
TMP: Em que situação você se sente realmente inserido na cultura popular brasileira? E porquê?
Péricles: Acho que eu faço parte deste amálgama cultural em que vivemos e me sinto igual a qualquer um que esteja começando, embora já tenha mais de trinta anos de carreira. Procuro sempre ficar sintonizado como o que está acontecendo ao meu redor e, nos meus discos, "conversar”, com a música popular contemporânea (de qualquer parte do mundo), tanto que sei que meu mais recente disco, "O rei da cultura”, de 2007, é, até agora, o meu melhor disco.
TMP: Na sua opinião, a sua arte é de fácil aceitação popular?
Péricles: Quando componho e gravo não tento super-estimar nem sub-estimar o meu "ouvinte” potencial. Acredito que sofisticação. originalidade, informação nova, fidelidade à alguns gêneros musicais (como o Samba, o Blues e o Bolero), transcendem esta "fronteira” entre "gosto popular” e "gosto erudito ou experimental”. Gosto de música que pode ser considerada, ao mesmo tempo, simples e complexa, tradicional e inovadora, lírica e dançante e, principalmente, profunda e bem-humorada.
TMP: Sugira um livro, um disco ou um DVD para os leitores.
Dois livros - "Ary Barroso”, biografia do grande compositor escrita por Sérgio Cabral. E "Tim Maia”, escrito por Nelson Motta.
Um CD - "Ben” , de Jorge Ben (hoje Benjor), Universal, 1971. Neste disco tem tudo e muito mais do que eu disse na resposta anterior.
Um DVD - "A música maravilhosa de Thelonious Monk” (Straight, no chaser), biografia com imagens incríveis do compositor tocando e conversando (ou em aeroportos), além de muitos depoimentos. Há uma edição brasileira deste DVD.
Péricles está em estúdio gravando seu novo disco com previsão de lançamento para 2010 e está na estrada com o show "O Rei da Cultura". O novo single "Executiva (metendo os peitos)" foi lançado apenas para internet, no UOL megastore.
Atualmente tem tido suas canções gravadas por Adriana Calcanhoto (sua principal intérprete) e Arnaldo Antunes.
Mais Péricles no My Space e no site oficial
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deixa eu dizer o que penso dessa vida, preciso demais desabafar...